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Escritor Frederico Lourenço recebe Prémio Pessoa 2016

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O escritor e filólogo Frederico Lourenço

O escritor e filólogo Frederico Lourenço

O Prémio Pessoa 2016 foi atribuído ao escritor e filólogo Frederico Lourenço.

A atribuição do galardão que distingue personalidades com “intervenção particularmente relevante e inovadora na vida artística, literária ou científica” no país, foi anunciada esta sexta-feira no Palácio de Seteais, em Sintra.

Frederico Lourenço, professor universitário, conhecedor das literaturas clássicas, tradutor de Homero, publicou este ano o primeiro volume da nova tradução da Bíblia Grega, “Septuaginta”, o primeiro volume de uma série de seis, com os quatro Evangelhos canónicos, de Mateus, Marcos, Lucas e João.

Docente nas faculdades de Letras da Universidade de Lisboa e de Coimbra, romancista e poeta, Frederico Lourenço publicou vários ensaios sobre a cultura helénica, traduziu os poemas épicos “Odisseia” e “Ilíada”, ambos atribuídos a Homero, que terá vivido, provavelmente, entre 928 e 898 antes de Cristo.

O presidente do júri, Francisco Pinto Balsemão, sublinhou a “rara erudição” do escritor, tradutor e professor universitário.

A mais recente obra publicada de Frederico Lourenço é uma nova tradução da Bíblia, feita do grego a partir da mais antiga versão dos textos sagrados para os cristãos que chegou à actualidade.

No ano passado, o galardão foi atribuído ao escultor Rui Chafes, a quem o júri elogiou a procura pela transcendência, ao utilizar o ferro como matéria-prima criativa.

O Prémio Pessoa, criado pelo jornal Expresso, foi atribuído pela primeira vez em 1987, ao historiador José Mattoso.

Desde então foram reconhecidos, entre outros, o poeta António Ramos Rosa, a pianista Maria João Pires, os investigadores António e Hanna Damásio, o neurocirurgião João Lobo Antunes, recentemente falecido, o arquiteto Eduardo Souto Moura, o constitucionalista José Joaquim Gomes Canotilho, a historiadora Irene Flunser Pimentel e a investigadora Maria Manuel Mota.

O júri do Prémio Pessoa 2016 foi constituído por Francisco Pinto Balsemão (presidente), António Domingues (vice-presidente), António Barreto, Clara Ferreira Alves, Diogo Lucena, Eduardo Souto de Moura, José Luís Porfírio, Maria Manuel Mota, Maria de Sousa, Mário Soares, Pedro Norton, Rui Magalhães Baião, Rui Vieira Nery e Viriato Soromenho-Marques.

Bíblia Grega com tradução de Frederico Lourenço foi lançada em setembro

O primeiro volume da nova tradução da Bíblia Grega, “Septuaginta”, de Frederico Lourenço, foi lançado em setembro, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, pelo padre e poeta José Tolentino Mendonça, o escritor Pedro Mexia e o catedrático Miguel Tamen.

Este é o primeiro volume de uma série de seis, que totaliza a “Septuaginta” ou “Bíblia dos Setenta”, e inclui os quatro Evangelhos canónicos, de Mateus, Marcos, Lucas e João.

A “Bíblia dos Setenta” foi escrita entre os séculos I e o VII depois de Cristo, é traduzida para português diretamente do grego, por Frederico Lourenço, e contém todos os 27 livros do Novo Testamento, iguais em todas as Bíblias atuais e, no Antigo Testamento, tem todos os 46 livros da Bíblia católica, ainda mais sete livros, o terceiro e o quarto Livros dos Macabeus, os Salmos de Salomão, Odes, o Livro de Susana, a história de “Bel e o Dragão”, e a Epístola de Jeremias.

“A Bíblia protestante, por exemplo, não tem nenhum Livro de Macabeus, o cânone católico tem dois, ao passo que a Bíblia Grega, que a Quetzal publica tem quatro”, explicou à Lusa fonte editorial.

No total são 80 livros, mais 14 do que as Bíblias protestantes e mais sete do que a tradução do atual cânone católico, numa edição que termina em janeiro de 2019, disse o editor da Quetzal, Francisco José Vieigas.

Frederico Lourenço realçou então, em declarações aos jornalistas, que a Bíblia Grega, integral, “nunca foi traduzida para português”. Quanto ao facto de a Bíblia Grega ser mais completa, deve-se – explicou – à perda de alguns livros em hebraico e de só ter restado a tradução grega, e haver traduções gregas que não foram contempladas em hebraico.

Os Livros de Daniel e de Ester, por exemplo, “estão mais completos” na “Septuaginta”, acrescentou.

A edição portuguesa inclui uma introdução geral de Frederico Lourenço, e também uma introdução, contextualizando, antecedendo cada um dos livros, e várias notas de pé de página, que visam esclarecer o leitor, numa abordagem histórica, explicou Frederico Lourenço, que se afastou de qualquer comentário teológico, para o qual não se considera preparado.

“Esta é um Bíblia para ser lida por crentes e não crentes”, sublinhou. Para o ensaísta, este projeto “é uma utopia, um sonho e vontade de criar qualquer coisa diferente”.

No ano passado, Frederico Lourenço publicou “O livro aberto: Leituras da Bíblia”, em que afirma no prefácio: “Independente, porém, de uma questão de fé, a Bíblia pode ser lida como o mais fascinante livro alguma vez escrito”.

O ensaísta reconheceu, na apresentação da obra, a sua facilidade em ler o grego, sendo o da Bíblia diferente, em algumas palavras, do de Homero.

ZAP

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