“Filha” de Juan Carlos abdica de 100 milhões para o conhecer

A suposta filha ilegítima de Juan Carlos garante que “não quer dinheiro” e que só quer conhecer o seu pai. A belga Ingrid Sartiau, de 48 anos, está a fazer história, em Espanha, por ter dado azo ao primeiro processo judicial contra um Rei espanhol para investigação de paternidade.

Esta belga, que é mãe de dois filhos e criadora de cavalos, deu entrada na justiça espanhola, em 2012, com um processo para reconhecimento de paternidade visando Juan Carlos. O Tribunal Supremo de Espanha considerou que o caso tem fundamentação válida para ser analisado, dando assim credibilidade ao testemunho da mãe de Ingrid Sartiau.

Liliane Ghislaine Sartiau, actualmente com 82 anos, conta no processo, a que o jornal espanhol El Mundo teve acesso, os alegados encontros que manteve com Juan Carlos em 1965. Falando de “um homem de 31 anos de idade, muito gentil, lindo, doce”, a mulher belga diz ainda que “as relações sexuais com Juan Carlos foram sem protecção anti-conceptiva, já que nessa época não existiam”.

“Não soube quem era o meu pai durante 40 anos. Isso é muito duro”, desabafa Ingrid Sartiau numa conversa telefónica com o El Mundo. Agora, diz que só quer “conhecê-lo e poder passar tempo com ele, recuperar o tempo perdido”. “Terei um papá”, afiança.

No processo que entrou em tribunal, refere-se que, se for reconhecida como filha de Juan Carlos, Ingrid Sartiau terá “direitos legítimos à quantidade de 100 milhões de euros, com base na fortuna publicada nos média de 3.000 milhões de euros” – quantia de que ela está disposta a abdicar “no caso de ter, pelo menos, um encontro prolongado com o seu pai”, escreve-se também no dossier jurídico que o El Mundo consultou.

A alegada filha ilegítima de Juan Carlos diz que entende que o país está em plena crise e que não quer aproveitar-se do caso. “Não quero dinheiro, só quero um pai e viver uma vida tranquila. Quero que a Espanha me aceite“, considera ainda na conversa com o El Mundo.

Ela refere também que até “teria preferido” que o pai fosse “uma pessoa normal” e não um rei, “porque tudo teria sido muito mais discreto”, constata. Alega igualmente que enviou várias “cartas à Casa Real a pedir desculpas” e garante que não quer “fazer mal a ninguém”.

Quanto à mãe, Ingrid Sartiau sustenta que tenta não falar muito com ela sobre o assunto, por causa dos seus 82 anos de idade, mas conclui que está “satisfeita e muito emocionada” porque “teve uma vida secreta que guardou para ela durante muito tempo”.

SV, ZAP