As suas fantasias sexuais afinal são normais

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O que é, afinal, uma fantasia sexual “anormal”? O Journal of Sexual Medicine publicou no final de outubro os resultados de um estudo sobre a natureza das fantasias sexuais.

Embora várias teorias de fantasias sexuais desviantes incorporem o conceito de atípicos (parafilias), a literatura científica não descreve o que realmente é esse tipo de fantasia.

Na América do Norte, a quinta edição do Manual Estatístico e de Diagnóstico e Distúrbios Mentais (DSM 5) refere-se a fantasias “anormais” para definir parafilias, enquanto a Organização Mundial de Saúde fala de fantasias “incomuns”.

“Clinicamente, sabemos bem o que é uma fantasia sexual patológica: envolve parceiros sem consentimento, induz dor ou é absolutamente necessária para obter satisfação. Mas, além disso o que é justamente uma fantasia anormal ou atípica? Para o descobrir, perguntamos às pessoas da população em geral”, afirma Christian Joyal, principal autor do estudo realizado pelo Instituto Universitário de Saúde Mental de Montreal e o Instituto de Montreal Philippe Pinel, da Universidade de Montreal.

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Christian Joyal, investigador que liderou o estudo do Instituto Universitário de Saúde Mental Montreal e da Universidade de Montreal sobre fantasias sexuais

Christian Joyal, investigador que liderou o estudo do Instituto Universitário de Saúde Mental Montreal e da Universidade de Montreal sobre fantasias sexuais

“O nosso principal objetivo era especificar a norma em fantasias sexuais, etapa essencial para a definição de patologia”, diz Joyal. “E como suspeitávamos, há muito mais fantasias sexuais comuns do que atípicas. Portanto, encontramos muito de juízos de valor no Manual de Diagnóstico e Distúrbios Mentais”.

A maioria dos estudos têm sido realizados com estudantes universitários, pelo que esta investigação necessitava de encontrar uma amostra de adultos que dispostos a descrever as suas fantasias. Assim, 1.517 adultos (799 homens e 718 mulheres) com idade média de 30 anos do Quebec responderam a um questionário descrevendo as suas próprias fantasias sexuais, além de descreverem em detalhe a sua fantasia favorita. Os resultados são mais do que interessantes.

Desejo e fantasia

A natureza das fantasias sexuais é variada entre a população geral, mas muito poucas fantasias podem ser considerados como estatisticamente raras, incomuns ou típicas.

Sem surpresa, este estudo confirma que os homens têm mais fantasias e relatam-nas com maior intensidade do que as mulheres. A pesquisa também nos diz que uma proporção significativa de mulheres (30% a 60%) evoca temas associados com a submissão – por exemplo estar amarrada conectado, levar palmadas nas nádegas, ser forçada a ter relações sexuais, etc.

Ao contrário dos homens, as mulheres, em geral, distinguem os desejos da fantasia. Assim, muitas delas expressam fantasias extremas de submissão (por exemplo, fazer-se tomar por um desconhecido que a domine) mas dizem que nunca gostariam que se tornassem realidade.

Já os homens, na maioria, gostariam de realizar a sua fantasia (por exemplo, relação a três).

Como esperado, a presença do parceiro amoroso é significativamente mais elevada no seio das fantasias femininas do que das do sexo masculino. Em geral, os homens com parceira fantasiam muito mais a propósito de casos extra-conjugais do que as mulheres.

Uma das descobertas mais intrigantes diz respeito ao número não negligenciável de fantasias masculinas particulares, por exemplo, com shemales, o sexo anal entre heterossexuais e a ideia de ver a parceira ter relações sexuais com outro homem. “As teorias biológicas evolucionistas explicam mal essas fantasias que entre os homens são geralmente desejos “, diz Christian Joyal.

“No geral, estes resultados permitem-nos elucidar alguns fenómenos sociais, como a popularidade sem precedentes entre as mulheres do livro publicado em 2011 As 50 sombras de Grey” (da autoria da inglesa Erika Leonard James), diz Joyal.

“Atualmente, estamos a proceder a análises estatísticas com os mesmos dados para demonstrar a existência de subgrupos homogéneos de indivíduos com base em combinações de fantasias. Por exemplo as pessoas que têm fantasias de submissão também falam muitas vezes de dominação. Estes dois temas também parecem estar associados a um maior nível de satisfação”.

Ciência Hoje

1 Comment

  1. Acabo de ler a notícia e……. salvo uma ou outra aberração referida é espantoso como, perante um universo tão grande de inquiridos, não se encontre respostas para aquilo que qualquer “mortal” faz com a sua parceira/parceiro. Sem entrar em domínios pouco comuns em seres civilizados, qualquer homem minimamente esclarecido/informado sobre a anatomia da mulher, sabe onde proporcionar prazer à sua parceira, têm que ser ambos a participar, numa entrega total, cujo objectivo supremo é a satisfação sexual de ambos, com ternura e amor.

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