Etíope festeja medalha com gesto político e agora teme pela vida

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Franck Robichon / EPA / Lusa

Feyisa Lilesa, o atleta da Etiópia que conquistou uma medalha de prata na maratona dos Jogos Olímpicos, cruzou os braços quando estava a passar a linha de meta em sinal de apoio ao movimento de oposição aos governantes da Etiópia. Agora, teme pela sua vida se regressar ao seu país.

Na conferência de imprensa realizada após a maratona, o atleta destacou que o gesto realizado é um sinal de apoio aos manifestantes do seu país que “foram mortos pelo governo”.

“Eles faziam o mesmo sinal. Queria mostrar que não estou de acordo com o que está a acontecer. Tenho amigos e familiares presos”, declarou o atleta. “O governo está a matar o meu povo”, explicou.

De acordo com o DN, em causa estão os confrontos entre forças governamentais e membros da etnia Oromo, etnia seminómada que vive na região, nos quais se estima terem morrido já 400 pessoas.

Os confrontos tiveram início em manifestações contra um plano do governo para expandir a capital do país, Adis-Abeba, que punha em causa terrenos de cultivo do povo Oromo.

O etíope Feyisa Lilesa terminou este domingo a maratona em segundo lugar, atrás do queniano Eliud Kipchoge, e aproveitou o protagonismo para passar a mensagem.

O atleta poderá ficar sem a medalha que conquistou, visto que o Comité Olímpico Internacional proíbe expressamente os protestos políticos nas provas, mas Lilesa disse não se importar.

“Não posso fazer nada quanto a isso. Fiz o que devia. Tenho um problema no meu país, e é muito perigoso fazer lá um protesto”, acrescentou.

Agora, Feyisa Lilesa teme pela própria vida e está a pensar em não regressar à Etiópia. “Se não me matarem mandam-me para a prisão. Ainda não decidi, mas talvez mude para outro país”, afirmou.

O atleta confessou que gostaria de ir para os EUA mas, para já, talvez não saia do Brasil.

BZR //

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