Empresa vende drone polémico que dispara spray de pimenta

Desert Wolf

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A fabricante de um drone, uma pequena aeronave não tripulada, que dispara balas de spray de pimenta, já vendeu a primeira remessa de aparelhos.

A empresa, Desert Wolf, com base na África do Sul disse à BBC que já vendeu 25 drones para uma mineira depois de fazer demonstrações com o aparelho numa feira de tecnologia.

Segundo a empresa, o drone é uma aeronave de “controlo de tumultos” e que pode enfrentar multidões “sem colocar em risco as vidas dos seguranças”.

O site da Desert Wolf afirma que o drone octacóptero Skunk tem quatro dispositivos como os usados em armas de paintball, cada um com capacidade para disparar até 20 balas por segundo.

Além da munição com spray de pimenta, a empresa afirma que o drone pode também ser carregado com balas de plástico e projéteis com tinta.

A máquina pode levar até 4 mil balas de uma vez e também um tipo de laser que emite luz incandescente, para além de um altifalante que pode transmitir alertas para a multidão.

“Recebemos um pedido para 25 unidades (…). Não podemos revelar (o nome do) cliente, mas posso dizer que será usado por uma empresa mineira internacional”, disse à BBC o diretor da Desert Wolf, Hennie Kieser.

Kieser afirmou igualmente que há outros clientes interessados, alguns são companhias de segurança da África do Sul, indústrias e polícias de outros países.

Actualmente, a empresa pretende convidar outros clientes com potencial para demonstrações do drone em África, Europa e Américas.

Questão de segurança

Para Kieser, o drone Skunk foi desenvolvido devido aos riscos que as equipas de segurança enfrentam atualmente.

“Não podemos deixar acontecer outro Lonmin Marikana, sem polícias a pé, a usar tecnologia não letal, acredito que todos ficarão mais seguros”, disse.

Desert Wolf

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Lonmin Marikana é uma referência a uma greve e uma manifestação que acabou em violência numa mina de platina na África do Sul em 2012, que resultou em 44 mortos. A maior parte dos mortos eram trabalhadores, mas policias locais também morreram.

Kieser afirmou, no entanto, que a mina de Lonmin Marikana não é um dos clientes que encomendou o drone.

Mas nem todos parecem aprovar o uso deste tipo de dispositivo para controlo de manifestações.

Noel Sharkey, presidente do grupo ativista Comité Internacional para Controlo de Armas Robóticas, afirmou que o uso destes drones representa um risco de “autoritarismo e a repressão de protestos”.

“Disparar bolas de plástico ou balas de plásticos do ar vai mutilar e matar. Usar spray de pimenta contra uma multidão de manifestantes é uma forma de tortura e não deveria ser permitido”, disse.

“Precisamos urgentemente de uma investigação da comunidade internacional antes que estes drones sejam usados”, acrescentou.

ZAP / BBC

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