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Schäuble “incendiário” faz subir juros da dívida

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Eu Council Eurozone / Flickr

O ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schauble

O ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schauble

O porta-voz do PS, João Galamba, comentou as declarações do ministro das Finanças alemão dizendo que a Europa, nesta fase, precisa de estabilidade e não de “incendiários”. Ao fim da tarde, os juros da dívida portuguesa estiveram a subir nos principais prazos face aos valores da manhã.

“A última coisa que precisamos neste momento é de incendiários. Já chega a situação complicada no Reino Unido”, vincou o socialista, em declarações ao parlamento após o ministro alemão Wolfgang Schäuble ter abordado, esta quarta-feira, um eventual segundo resgate financeiro a Portugal.

A Europa, diz Galamba, “precisa de estabilidade, serenidade e não de declarações” como as do ministro das Finanças alemão, que, advoga, não tem “correspondência com os factos” económicos de Portugal.

O Ministério das Finanças já garantiu entretanto que não está a ser considerado qualquer novo resgate, acrescentando que o Governo está empenhado em cumprir as metas orçamentais.

“Tendo em conta as declarações do ministro alemão das finanças, Wolfgang Schäuble, e ainda que tendo sido imediatamente corrigidas pelo próprio, o Ministério das Finanças esclarece que não está em consideração qualquer novo plano de ajuda financeira a Portugal, ao contrário do que o governante alemão inicialmente terá dito”, lê-se no comunicado divulgado ontem à tarde.

Cerca das 18h em Lisboa, os juros da dívida portuguesa a dez anos estavam a subir para 3,085%, contra 3,040% de manhã e os 4,084% em 11 de fevereiro, um máximo desde março de 2014. As taxas a este prazo chegaram a atingir um pico de 3,128% cerca das 9h15 desta quinta-feira, estando nos 3,046% às 12h15.

No mesmo sentido, no prazo de cinco anos, os juros estavam a avançar para 1,883%, contra 1,831% de manhã, depois de terem subido até aos 2,768% em 11 de fevereiro, um máximo desde maio de 2014.

Já os juros a dois anos estavam a subir, para 0,656%, contra 0,612% esta manhã e depois de terem subido até 1,225% em 19 de fevereiro passado, um máximo desde junho de 2014.

Nos outros países europeus que também têm sido pressionados pelos mercados, como Grécia, Espanha, Irlanda e Itália, os juros da dívida pública apresentam comportamentos mistos.

“Arrogância persistente”

O ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, afirmou que Portugal está a pedir “um segundo programa” e que “vai consegui-lo”, em declarações citadas pela agência de informação financeira Bloomberg.

Mais tarde, já em declarações aos jornalistas, o governante alemão corrigiu as suas declarações: “Os portugueses não o querem e não vão precisar [de um segundo resgate] se cumprirem as regras europeias”, precisou.

O presidente do PS também já abordou o tema, criticando as declarações contraditórias proferidas pelo ministro das Finanças alemão sobre um eventual segundo resgate a Portugal, considerando que são causa da existência de cada vez mais europeus contra essa “arrogância persistente”.

Carlos César, também presidente do Grupo Parlamentar do PS, não quis comentar a posição do ministro das Finanças da Alemanha do ponto de vista político ou financeiro, mas deixou o seguinte reparo à agência Lusa: “Como se percebe, nem o próprio Wolfgang Schäuble percebeu o que disse e do que falava”.

ZAP / Lusa

3 Comments

  1. E não há ninguém que responsabilize este homem pelo prejuízo que esta “boca” provocou à nossa economia?
    Pode dizer aquilo que quer sem ser minimamente responsabilizado?
    Deviam-lhe ao menos por um açaime.

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