Desde 1998 que não morriam tantas pessoas por frio e gripe

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De acordo com o último boletim de Vigilância Epidemiológico do Instituto Ricardo Jorge (INSA), entre dezembro de 2014 e 22 de fevereiro deste ano, registaram-se mais 4.625 mortes do que era esperado, o maior registo desde a época gripal 1998/1999, na qual se verificaram 8.514 óbitos.

“A mortalidade foi sobretudo por causa do frio e de casos de descompensação de doenças. Temos de nos preparar porque vai acontecer mais vezes, pois a população está a ficar mais velha e com temperaturas extremas é difícil evitar estas situações”, explicou Graça Freitas, subdiretora-geral da Saúde, ao Diário de Notícias, que aponta que dezembro e janeiro tiveram das temperaturas mais baixas dos últimos 13 anos.

Graça Freitas admitiu que os problemas que se têm registado nos hospitais, nomeadamente de falta de pessoal, têm influência na oferta e na procura, mas realçou que a realidade de há 20 anos era bem diferente da que existe hoje.

“Obviamente que quando há problemas nos serviços, há sempre duas vertentes: uma que é a procura e outra que é a oferta. Mas, o que é preciso realçar é que em 1998, já lá vão quase 20 anos, a realidade era outra. Hoje temos uma população muitíssimo mais idosa, a viver isolada, com múltiplas patologias e múltipla medicação”, salientou.

“O excesso de mortalidade foi no grupo de pessoas com 75 e mais anos e não aconteceu de igual modo em todo o território”, explicou Graça Freitas. A responsável explica que, atualmente, verifica-se que muitas das patologias destes idosos estão descompensadas e o seu sistema fisiológico já não funciona como quando eram mais novas.

A atividade gripal em Portugal manteve-se moderada durante a semana passada, refere o Boletim de Vigilância Epidemiológica, apontando que desde o início do ano houve 848 casos e que a mortalidade continua acima do esperado.

Os dados constam do Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe, referente à semana entre 16 a 22 de fevereiro, que mostra que nesse período a taxa de incidência foi de 44 casos por cada 100 mil habitantes, “encontrando-se acima da zona de atividade basal, com tendência decrescente”.

Segundo o relatório, publicado à quinta-feira pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, desde o dia 1 de janeiro houve registo de 848 casos de síndroma gripal, 16 dos quais na semana entre 16 e 22 de fevereiro. Dentro destes 16, dois deram positivo para o vírus da gripe.

Em declarações à Lusa, a subdiretora-geral da Saúde disse que o pico da gripe já terá passado, adiantando que vão ser mantidos os horários alargados nos centros de saúde.

“Neste momento, todas as indicações que temos é que o pico terá ocorrido na semana cinco, e agora estamos na semana oito. Tudo indica que dentro de duas a três semanas deve baixar. Vamos acompanhar o evoluir da situação”, disse.

O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge sublinha, no entanto, que este aumento no número de óbitos “não pode ser atribuído a nenhuma causa específica, podendo estar associado ao frio extremo, ao aumento da incidência das infeções respiratórias agudas e à atividade gripal”.

Segundo os dados do Sistema de Informação dos Certificados de Óbito (SICO), disponível no site da Direção-geral da Saúde, no decorrer da semana entre 16 e 22 de fevereiro, houve 2.741 óbitos, menos 265 do que na semana anterior.

/Lusa

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