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Descoberta em Cuba uma variante mais agressiva e preocupante do VIH

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Alexey Kashpersky

Conceito artístico do VIH criado pelo designer ucraniano Alexey Kashpersky

Especialistas em saúde de Cuba detectaram há alguns anos algo diferente e pouco comum nos pacientes com o vírus VIH no país: desenvolviam SIDA de uma forma extraordinariamente rápida.

Tão rápido que, em menos de três anos, já se encontravam muito doentes, sem praticamente tempo de perceberem que tinham VIH.

Um grupo internacional de cientistas começou a investigar a situação – e concluiu que há efectivamente em Cuba uma variante do VIH muito mais agressiva do que o normal.

“Sabemos que 144 pacientes têm esta linhagem do vírus, mas há com certeza mais gente. Isso é só o que conseguimos apurar”, disse à BBC a investigadora Anne-Mieke Vandamme, da Universidade Leuven, da Bélgica.

Vandamme, cujo trabalho foi publicado na EBioMedicine, explicou que se trata de uma linhagem do vírus que foi originalmente descoberta em África.

“A estirpe chegou a Cuba através das relações dos cubanos com África. Ainda que não tenhamos conhecimento de que a linhagem se tenha disseminado em África, em Cuba tem-no feito”, acrescentou.

Mais rápido

Os virologistas explicam que, numa infecção normal, o vírus do VIH tem de se “agarrar” a receptores – as proteínas da membrana das células.

Numa infecção comum, o vírus agarra-se a um ponto específico, designado CXCR5. Depois de muitos anos em “estado de saúde”, o VIH muda-se para o CXCR4, o que coincide com a aceleração da propagação da SIDA.

A equipa de cientistas liderada por Vandamme observou que, nos pacientes cubanos, essa transição acontece de forma muito mais rápida.

Isso significa que o vírus cubano não “espera” tanto tempo para se dirigir mudar para o ponto CXCR4 – o que elimina, de forma drástica, a fase em que o paciente tem uma vida saudável.

Os cientistas estudaram amostras de sangue de 73 pessoas que tinham sido infectadas recentemente e 52 delas já tinham contraído SIDA.

Vandamme explica que o VIH tem diferentes linhagens, que podem ser classificadas como “subtipos”. O detectado em Cuba “basicamente é VIH recombinado de três outros subtipos“.

“É preciso ter sido infectado por mais de um tipo de linhagem do VIH para que um doente tenha um vírus recombinado como este”, esclarece a virologista.

Anti-retrovirais

Anne-Mieke Vandamme explica que, embora o tratamento com anti-retrovirais costume funcionar bem para tratar infecções normais, pode perder um pouco da sua eficiência, dependendo do nível de avanço da doença. “Quanto mais avançada se encontra a infecção, menos se consegue se do sistema imunológico”.

“Inclusivamente, para alguns pacientes, é tarde demais para tirar qualquer benefício dos medicamentos”, acrescentou a cientista.

Vandamme explica que, por enquanto, não há preocupação sobre a possibilidade de esta linhagem do vírus se expandir para fora da ilha – porque, actualmente, não há muito contacto dos cubanos com o resto do mundo.

É uma linhagem local, por enquanto. Não consigo prever se vai expandir-se para fora de Cubaou não, mas se isso acontecer, então vamos ter que nos preocupar.”

A epidemia cubana é maioritariamente do sexo masculino – 80% de todos os infectados são homens.

Segundo dados da Infomed, site oficial da rede de saúde cubana, foram até agora diagnosticados em Cuba 17.625 casos de VIH, desde que a epidemia surgiu, na década de 1980.

O Estado oferece atenção e tratamento gratuito a todos os infectados.

ZAP / BBC

2 Comments

  1. Não morrem do bloqueio americano, morrem bloqueados pela sida ou seja ainda não resolveram o bloqueio americano, já lhe estão a arranjar outro pior.

  2. Não morrem do bloqueio americano, morrem bloqueados pela sida ou seja ainda não resolveram o bloqueio americano, já lhe estão a arranjar outro pior.

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