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Deputado australiano ateia fogo a rio para denunciar poluição

Um deputado ecologista australiano ateou fogo a um rio para denunciar o que alega ser uma libertação de metano nas águas devido ao fraturamento hidráulico.

O deputado Jeremy Buckingham, do partido Verdes, utilizou um isqueiro para pegar fogo ao que diz serem bolhas de metano que emanam do rio Condamine, no estado de Queensland, 220 quilómetros a oeste de Brisbane.

“Inacreditável! Um rio em chamas!”, grita Buckingham a água irrompe em chamas, num vídeo que foi visto mais de dois milhões de vezes desde que o publicou no Facebook, na noite de sexta-feira, onde o ecologista aparece num pequeno barco.

A experiência relembra a história do Rio Cuyahoga, no estado norte-americano do Ohio, que em junho de 1969 se incendiou devido a uma mancha de óleo e outros produtos químicos.

O acontecimento serviu de inspiração para a criação do Dia do Planeta Terra, comemorado a 22 de abril, impulsionando também o movimento ambientalista nos EUA.

“Isto é o mais inacreditável que já vi, uma tragédia para a bacia de Murray-Darling”, afirma o parlamentar, que atribui a presença de grandes quantidades de metano na água do rio ao fraturamento hidráulico (fracking), um método de extração de combustíveis a partir da rocha no subsolo – muito criticado por organizações de defesa do ambiente – que é utilizado a “menos de um quilómetro” do local onde as imagens foram filmadas.

A fraturação hidráulica já causou grande controvérsia nos Estados Unidos, onde é amplamente utilizada, e no Reino Unido, que está a tentar regulamentá-la. Além de ser inflamável, o metano é um forte gás de efeito de estufa, cuja expulsão para a atmosfera contribui para o aquecimento global.

“Este é o futuro da Austrália se não pararmos os frackers que querem espalhar-se por todos os estados e territórios”, alerta Buckingham, que refere que as chamas permaneceram por mais de uma hora.

O grupo Origin Energy, responsável pela exploração de fracking na bacia Murray-Darling, afirmou que estava ciente das emissões de metano no rio Condamine e que as vigiava de perto, mas que não existem riscos ambientais nem para a segurança pública na situação denunciada por Buckingham.

“Estamos conscientes da preocupação pelo fenómeno de borbulhas no rio Condamine, sobretudo depois de vídeos que mostram que este gás natural é inflamável”, referiu o grupo num comunicado enviado à Australian Broadcasting Corporation.

“Este gás, que surge naturalmente, é inflamável quando se lhe aproxima uma chama. Compreendemos que isto possa parecer preocupante, mas não existem riscos nem para o ambiente, nem para a segurança pública, se as pessoas que estão próximas tiverem bom senso”, defende a empresa, que defende que estas emissões podem ter muitas causas, naturais ou humanas.

Damian Barrett, investigador do Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation (CSIRO), afirmou ao Guardian que é “improvável” que a libertaçõ de gás esteja ligada à fraturação hidráulica na região.

“Não se deve excluir completamente essa hipótese, mas não identificamos nenhuma ligação direta, nenhuma relação entre o que tem sido feito nos campos de gás até agora e o que está a acontecer no rio”, refere.

ZAP

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