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Brinquedos ligados à Internet podem ser usados para espiar as crianças

Conselho de Consumidores da Noruega / YouTube

Os brinquedos i-Que e “Cayla” foram testados pelo Conselho de Consumidores da Noruega e apresentam falhas de segurança

A Associação para a Defesa do Consumidor (DECO) alertou, esta terça-feira, que os brinquedos ligados à Internet My Friend Cayla e i-Que evidenciam falha na proteção, privacidade e direitos dos consumidores mais jovens.

Em Portugal, esses brinquedos não se encontram à venda em lojas físicas, mas estão disponíveis e acessíveis aos consumidores através de plataformas online como a Amazon ou Ebay, facto que preocupa muito a DECO, que já alertou a Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica (ASAE).

As preocupações da DECO e de outras organizações europeias de consumidores, bem como de congéneres norte-americanas, surgiram no seguimento de um estudo da ForbrukerRadet/Conselho Norueguês do Consumidor, que analisou as características técnicas de brinquedos ligados à Internet e os termos e condições das suas aplicações.

Segundo a associação de defesa do consumidor portuguesa, os resultados provam infrações graves aos direitos das crianças, nomeadamente quanto à privacidade dos dados pessoais.

Estes brinquedos funcionam através de ligação à Internet, possuem microfones incorporados e tecnologias de reconhecimento de fala, permitindo-lhes “conversar” com as crianças que os manipulam.

As crianças, ao interagirem com os brinquedos, poderão partilhar informações pessoais, ou seja, dados que são sigilosos.

Para alertar para a situação, o Conselho de Consumidores Norueguês divulgou um vídeo no qual são explicados os perigos apresentados por estes brinquedos.

O estudo revelou a falta de segurança destes brinquedos, notando que, com passos simples, qualquer pessoa pode assumir o controlo dos mesmos através de um telemóvel, tornando possível falar e ouvir através do brinquedo sem ter acesso físico ao mesmo.

“Esta falta de segurança poderia ter sido evitada facilmente, exigindo, por exemplo, que o consumidor pressione um botão para emparelhar o seu telemóvel com o brinquedo”, refere o documento.

Outra infração detetada prende-se com os termos e condições ilegais, pois os consumidores têm de aceitar que os dados pessoais possam ser usados para publicidade e que essas informações possam ser partilhadas com terceiros não identificados.

“Estas situações são claras violações legais à proteção de dados e segurança dos brinquedos”, conclui o estudo.

Outra infração relaciona-se com o facto de os segredos das crianças serem partilhados, uma vez que a gravação das conversas entre a criança e o brinquedo é transferida para uma empresa americana Nuance Communications, que se reserva no direito de partilhar essa informação com terceiros e de usar aqueles dados para diversos fins.

Por último, os investigadores concluíram que “as crianças estão sujeitas a marketing escondido“, na medida em que os brinquedos são formatados com frases pré-programadas, recomendando diferentes produtos comerciais.

Por exemplo, Cayla “fala” sobre o quanto gosta de alguns filmes da Disney, sendo clara a relação comercial entre o fabricante e a Disney.

A DECO avança com conselhos ao consumidor, lembrando que este pode resolver o contrato celebrado pela Internet no prazo de 14 dias, devendo ainda reclamar junto do vendedor e do produtor de forma a impedir que brinquedos com defeitos semelhantes entrem no mercado.

ZAP / Lusa

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