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Daqui a 20 anos, Portugal pode ter desertos

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Um investigador português alerta que, “sem um combate cerrado” à desertificação, Portugal poderá ter espaços totalmente desertificados já nos próximos 20 anos.

“Este fenómeno está a acelerar e é para esta geração. Esta geração vai perceber o que é ter um deserto em Portugal”, afirmou Miguel Freitas, professor da Universidade do Algarve (UALG), no encerramento das comemorações do Dia Mundial de Combate à Desertificação, em Olhão.

Na intervenção que fez sobre o Plano de Desenvolvimento Rural 2020 e as suas aplicações no combate à desertificação no Algarve, Miguel Freitas referiu que, atualmente, existem nesta área 392 candidaturas na ordem dos 50 milhões de euros, mas teme que não venham a ser todas aprovadas.

“Existem 50 milhões de euros de candidaturas e no passado só foram financiados 10 milhões. Portanto, não vejo como vai passar de 10 para 50”, observou o ex-deputado socialista, lamentando que, apesar do aumento da sensibilização para esta matéria, a desertificação ainda não é um tema de intervenção prioritária nacional.

Durante a sua intervenção, o professor da Universidade do Algarve propôs a criação de um fundo solidário regional para o combate à desertificação onde a sociedade civil possa participar a par do setor turístico, dos municípios, organizações não governamentais, empresas multinacionais e do setor agroalimentar, entre outras.

Plantar árvores, recuperar hectares de sobreiro ou projetos inovadores de combate à desertificação são algumas das iniciativas que este fundo poderia apoiar.

Entre as vantagens deste fundo estaria o envolvimento de toda a população, rural e urbana, nesta causa, defendeu Miguel Freitas.

O nordeste algarvio é um dos pontos de Portugal que vive uma fase acelerada de desertificação, local que o professor da Universidade do Algarve entende dever funcionar como “laboratório” de trabalho de recuperação de solos, combate à desertificação e ao despovoamento.

O perímetro de rega do sotavento algarvio também mereceu a atenção de Miguel Freitas, que considerou vital garantir que os solos hoje utilizados para a agricultura intensiva não se degradem, sob pena de se juntarem aos terrenos em risco de desertificação do concelho de Alcoutim.

As comemorações do Dia Mundial de Combate à Desertificação, 16 de junho, terminaram esta sexta-feira na sede do Departamento de Conservação da Natureza e Florestas do Algarve, em Olhão, com o anúncio da atribuição dos galardões “Campeões das Zonas Áridas em Portugal 2016”.

A Agência de Desenvolvimento da Gardunha 21, as autarquias de Coruche e Mação, a Associação In Loco, o Instituto de Solidariedade e Cooperação Universitária, a Universidade de Aveiro e a associação Voluntariado Internacional para o Desenvolvimento Africano (VIDA) foram os galardoados deste ano, com base em projetos que têm desenvolvido para o combate da desertificação.

Bom Dia

3 Comments

  1. Mas não falam na quantidade de campos de golfe e o consumo estupidamente intensivo de agua que têm pelo Algarve fora ou melhor nas zonas finas do Algarve para (a maioria) estrangeiros não estarem privados de dar umas tacadas.
    Cultura intensiva foram os Espanhóis fazer no Alentejo que daqui a uns anos quando a terra estiver boa para “lixo” largam aquilo e vão embora.

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