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Custos da Feira do Livro do Porto inferiores ao apoio pedido pela APEL

spies, emanuele spies / Flickr

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O presidente da Câmara do Porto revelou hoje que os custos da organização da Feira do Livro serão “seguramente” inferiores ao apoio financeiro reclamado pela Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), que acusou de atitude “intolerável”.

“Custará seguramente menos do que os 300 mil euros que nos vinham a ser reclamados em função de quatro anos de atividade. Mas, acima de tudo, não tomamos esta medida por uma razão economicista”, assegurou Rui Moreira, em declarações aos jornalistas no fim da reunião privada do executivo.

O valor a que o autarca se refere tem por base o apoio anual de 75 mil euros que, em 2009, a autarquia liderada pelo social-democrata Rui Rio se comprometeu a dar à APEL durante quatro anos, para apoiar a transferência da Feira do Livro dos jardins do Palácio de Cristal para a Avenida dos Aliados.

Rui Moreira esclareceu que a Câmara decidiu organizar a Feira do Livro de 2014 depois de a APEL ter colocado as negociações em causa “18 dias depois de o acordo ter sido firmado”, numa situação que “não podia tolerar do ponto de vista institucional e da palavra”.

“Acolhemos tudo o que a APEL queria, em termos da localização (disseram que queriam ir para a rotunda da Boavista), que não era a nossa favorita, mas também em termos de apoios estruturais: segurança, limpeza e isenção de taxas”, começou por explicar o autarca.

De acordo com Moreira, “depois de acordo ter sido firmado, com troca de correspondência, a APEL informou, através de uma pessoa que nunca tinha participado nas negociações, que quem tinha participado nas negociações não tinha representação“.

“Esta situação não é tolerável do ponto de vista dos princípios”, vincou.

Moreira recusou que tenha havido qualquer “mal-entendido”, insistindo ter feito um “protocolo com o secretário-geral da APEL”.

“Temos de acreditar que, quando a APEL destaca alguém para negociar com a Câmara, essa pessoa tem representatividade”, sublinhou.

Como “precisava de resolver o problema” e porque a Câmara “tem competência para organizar a Feira do Livro”, a autarquia optou por organizá-la no local e no mês pretendidos — nos jardins do Palácio de Cristal, entre 05 e 21 de setembro.

“Certamente vai agradar muito. Já tivemos essa reação da parte de livreiros. Nesse mês há menos atividades culturais e muito maior procura de livros por causa do regresso às aulas, Temos a certeza que vai ser um sucesso, que vai ter muita gente”, observou.

Moreira frisou ainda que “será uma feira do livro aberta a todos e dedicada à população do Porto, não apenas pela feira mas pelo aspeto cultural”.

“Até acredito que, se a nossa feira for um sucesso, podemos exportar o modelo para Lisboa. Não temos de ter esta subserviência aos modelos da capital. A nossa Feira do Livro tem muito pouco a ver com a de Lisboa. Do ponto de vista cultural, esteve sempre aquém das expectativas dos portuenses. A grande aposta era feita em Lisboa. Nós não estamos ao serviço de corporações”, afirmou.

Para Pedro Carvalho, da CDU, “fazia sentido que as negociações [com a APEL] fossem retomadas, mas sobretudo que haja uma Feira do Livro”.

Ricardo Almeida, do PSD, admitiu que “a APEL não esteve bem” e que “Rui Moreira tem toda a razão nisso”, mas sustentou que “não é razão suficiente para quebrar as negociações”.

A 83.ª Feira do Livro do Porto não se realizou em 2013 depois de a APEL ter suspendido o evento por “falta de condições financeiras”, porque a Câmara recusou prorrogar o protocolo assinado em 2009 para apoiar a iniciativa durante quatro anos.

/Lusa

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