Condenados à prisão 30 agentes da polícia secreta de Pinochet

Biblioteca del Congreso Nacional de Chile / Wikimedia

O antigo presidente do Chile, Augusto Pinochet

O antigo presidente do Chile, Augusto Pinochet

Um juiz chileno condenou esta quinta-feira a diversas penas de prisão 30 antigos agentes da polícia secreta de Augusto Pinochet pelo sequestro qualificado (desaparecimento) em 1974 de uma vítima da designada “Operação Colombo”, informaram hoje fontes judiciais.

A deliberação do juiz Hernán Crisosto refere-se a Luis Durán Rivas, um estudante de jornalismo da universidade do Chile e sequestrado por agentes da DINA, a polícia política de Pinochet, em 14 de setembro de 1974, um ano e três dias após o golpe militar que derrubou o Presidente socialista Salvador Allende.

A sentença condena a 13 anos de prisão o general Manuel Contreras, ex-chefe da DINA e que já acumula penas que chegam aos 400 anos de prisão pronunciadas em julgamentos anteriores por violações dos direitos humanos, e ainda outros quatro altos responsáveis pelo organismo repressivo.

Os restantes acusados são César Manríquez, Pedro Espinoza Bravo, Marcelo Moren Brito e Miguel Krassnoff Martkenko, que também cumprem elevadas penas por outros crimes. Outros 19 antigos agentes foram condenados a dez anos de prisão, enquanto seis receberam uma pena de quatro anos na qualidade de cúmplices.

Segundo testemunhos de sobreviventes, Luis Durán Rivas, então com 29 anos e militante do Movimento de Ação Popular Unitária (Mapu), ex-estudante de medicina e de jornalismo, onde era dirigente do Centro de Alunos, foi visto após a sua captura em pelo menos três centros de tortura da DINA.

Foi visto pela última vez com vida em setembro de 1974 na Villa Grimaldi, um desses centros de tortura.

Em 1975 o seu nome apareceu entre as vítimas da designada “Operação Colombo“, uma montagem da ditadura para encobrir o desaparecimento de 119 presos políticos, e que inclui a publicação de uma única edição de dois jornais falsos: Lea, na Argentina, e O Novo Dia, no Brasil.

Nas duas “publicações”, os 119 teriam sido mortos em purgas internas do Movimento de Esquerda Revolucionária (MIR), um grupo que combateu com armas contra a ditadura e que que os ‘media’ chilenos reproduziram em títulos como “Miristas exterminados com ratos”.

Durante a ditadura de Augusto Pinochet, e segundo os números oficiais, cerca de 3.200 chilenos foram mortos por agentes da polícia, dos quais 1.192 são ainda considerado detidos desaparecidos.

ZAP // Lusa

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