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Comer é essencial, mas também pode ajudar a envelhecer

tipstimesadmin / Flickr

A comida é um elemento essencial para a sobrevivência das espécies, mas também há um preço elevado a pagar por isso. É o que conclui um novo estudo que apurou que a digestão causa danos de oxidação nas células e no ADN, contribuindo para o envelhecimento.

Esta investigação feita com cobras foi apresentada na Conferência anual da Sociedade de Biologia Comparativa Integrativa em Portland, nos EUA, e constata que comer provoca danos de oxidação ao organismo.

Isto porque aumenta a quantidade de moléculas reactivas que contêm oxigénio e que danificam não só as células como o ADN. E o prejuízo é tão grave que os investigadores acreditam que a sua acumulação, ao longo do tempo, contribui para o envelhecimento.

A culpa poderá ser do sistema imunitário que será activado pela ingestão de comida, libertando moléculas reactivas de oxigénio para matar micróbios presentes nos alimentos. Só que estas moléculas, que protegem de doenças, também afectam as células, danificando o ADN e as proteínas.

“Parece que tem sido uma peça escondida do puzzle que ninguém tinha investigado e que pode ser realmente importante por muitas razões”, nota o investigador Zach Stahlschmidt, da Universidade do Pacífico, em declarações divulgadas pelo Science Daily.

A investigação foi feita em torno de cobras, que podem alimentar-se apenas uma vez por mês, porque era preciso analisar um organismo que não se alimenta continuamente para comparar a quantidade de moléculas reactivas de oxigénio durante a digestão e muito depois de a absorção total de uma refeição ter ocorrido.

Na cobra-do-milho, cientificamente conhecida como Pantherophis guttatus, que se pode alimentar de 15 em 15 dias, os danos de oxidação aumentaram em quase 180% durante a digestão e a capacidade anti-oxidante do organismo, ou seja, a competência para lutar contra a oxidação, só aumentou em 6%.

Estes dados reflectem a incapacidade do organismo em equilibrar a quantidade de oxidação com o efeito protector.

“Os níveis de dano que vimos foram realmente semelhantes ou excederam – por uma boa margem – coisas tão stressantes como voar 200 quilómetros num pássaro ou formar uma resposta imune. Estas duas coisas parecem bastante stressantes e podem induzir dano oxidante e fazem-no, mas muito menos do que comer uma refeição”, constata Stahlschmidt.

O investigador defende que estes danos poderão ter um papel relevante na evolução das espécies, mas é preciso estudar melhor o assunto para confirmar se a reacção verificada nas cobras se detecta noutros animais, nomeadamente no ser humano.

SV, ZAP

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