No combate às enxaquecas, efeito placebo também conta

Morguefile

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Quando o assunto é dor, a expectativa de melhora criada pelas palavras do médico ao prescrever um medicamento pode ser tão importante para a eficácia do tratamento quanto os efeitos farmacológicos do remédio propriamente dito, segundo um estudo da Faculdade de Medicina de Harvard.

A investigação avaliou a influência do efeito placebo – quando a crença na eficácia do medicamento (que pode ou não ser verdadeiro) potencia a cura – no tratamento de pessoas com enxaqueca e concluiu que uma pílula inofensiva pode ser tão eficiente quanto um medicamento a sério no alívio da dor de cabeça durante um ataque, dependendo da informação que é dada ao paciente no início sobre os efeitos do medicamento.

Pacientes que receberam mensagens positivas beneficiaram mais do tratamento do que aqueles que receberam mensagens neutras ou negativas, independentemente de estarem a tomar placebo ou medicação verdadeira.

“Fica claro que cada palavra no consultório conta”, disse Ted Kaptchuk, um dos investigadores que liderou o estudo no Beth Israel Deaconess Medical Center, em Boston. Por exemplo, o facto de um médico salientar os possíveis efeitos colaterais de um medicamento já conta para diminuir a expectativa de melhoras do paciente e, provavelmente, reduzir o potencial do tratamento.

Publicado esta quinta-feira (9) na revista “Science Translational Medicine”, o estudo apresenta “a medição mais precisa do efeito placebo feita até hoje”, segundo ele.

Vários estudos já demonstraram que o efeito placebo pode trazer benefícios clínicos reais para os pacientes. Contudo, segundo Kaptchuk, nenhum até agora tinha conseguido medir a dimensão desse efeito, separando-o dos efeitos farmacológicos diretos da medicação.

Ao sofrer um ataque de enxaqueca, os pacientes tinham de tomar uma pílula que poderia estar identificada de três formas: “placebo” (mensagem negativa, já que pensavam que não fazia efeito); “placebo ou remédio” (mensagem neutra); ou “remédio” (mensagem positiva). Os rótulos, no entanto, podiam não corresponder à realidade; por exemplo, um paciente poderia estar a tomar o medicamento verdadeiro com rótulo “placebo” ou tomar um placebo com rótulo “remédio”.

Os cientistas calculam que 50% das melhoras observadas nos pacientes, em qualquer uma das condições, foi por causa do efeito placebo.

ZAP / MA / AE / ESP

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