James Barry, o cirurgião mais famoso do século XIX, afinal era uma mulher

@ Domínio Público

James Barry, cirurgião pioneiro do Século XIX, escondeu durante quase 50 anos que era uma mulher.

James Barry, cirurgião pioneiro do Século XIX, escondeu durante quase 50 anos que era uma mulher.

James Barry foi um ilustre e pioneiro cirurgião do Século XIX que, durante quase 50 anos, escondeu a sua verdadeira identidade. Ele era, na verdade, uma mulher.

Só quando James Barry morreu, em 1865, vítima de disenteria, se descobriu o segredo deste cirurgião que fez carreira no exército britânico. A enfermeira que preparava o seu cadáver para o enterro ficou estupefacta quando descobriu que ele era, na verdade, uma mulher.

O caso gerou tanto embaraço ao exército britânico que a verdade permaneceu escondida, como um “segredo militar”, durante 100 anos, conta o Atlas Obscura.

Os documentos com a verdadeira identidade de James Barry só foram encontrados em 1958, pela académica Isobel Rae, que revelou então, esta história surpreendente ao mundo.

O caso é tão extraordinário que já mereceu a atenção de Hollywood e em preparação está um filme biográfico com a actriz Rachel Weisz a desempenhar o papel desta mulher pioneira, que se disfarçou de homem para cumprir o sonho de ser médica.

Ela foi a primeira mulher a formar-se em medicina, no Reino Unido, 50 anos antes de a primeira mulher ser autorizada a exercer medicina no país.

James Barry nasceu como Margaret Ann Bulkley, entre 1789 e 1799, conforme se nota no site do Museu de Ciência da História da Medicina (MCHM).

Ela terá assumido o nome do tio James Barry, um famoso pintor irlandês, quando este faleceu, conseguindo assim, estudar medicina na prestigiada Universidade de Edimburgo.

Depois de se formar, entrou no exército britânico, em 1813, e viajou pelo mundo, enfrentando diversos palcos de guerra, nomeadamente a famosa Batalha de Waterloo, em 1815.

O MCHM fala de James Barry como “um bem sucedido cirurgião do exército britânico”, notando que chegou a Inspector Geral dos hospitais militares e que realizou “uma das primeiras cesarianas bem sucedidas, em 1826″.

Além disso, procedeu à “reorganização dos cuidados médicos com forte ênfase na saúde pública, melhorou os padrões de higiene e de dieta adequada”, salienta o MCHM, apontando que, durante a Guerra da Crimeia, tinha “as taxas de recuperação mais altas” de todo o conflito.

Aquando da sua morte, a enfermeira que cuidou do seu cadáver terá encontrado marcas de que terá sido mãe e especula-se que o pai pode ter sido Lord Charles Somerset, que era governador na África do Sul, quando ela esteve em serviço na cidade do Cabo.

Descrita como tendo uma “personalidade difícil”, Barry envolveu-se em vários conflitos e até num duelo, para defender a sua honra.

E a enfermeira britânica Florence Nightingale, outra figura pioneira no campo da medicina, e que conheceu James Barry na Guerra da Crimeia, fala dela como uma “durona”.

“Depois da sua morte, disseram-me que era uma mulher”, referiu Florence Nightingale. “Devo dizer que era a criatura mais dura com que me deparei no exército”.

SV, ZAP //

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