Pacientes mortos por cirurgião do Instituto Karolinska colocam em causa prémio Nobel

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(cv) NBC News

O cirurgião Paolo Macchiarini, do Instituto Karolinska

O cirurgião Paolo Macchiarini, do Instituto Karolinska

Um cirurgião do Karolinska, instituto responsável por eleger os vencedores do prémio Nobel da Medicina, está a causar polémica por ter provocado a morte de inúmeros pacientes.

No centro desta polémica está Paolo Macchiarini, um professor cirurgião do Instituto Karolinska, uma das maiores universidades médicas suecas e que tem um papel preponderante na atribuição anual do prémio Nobel da Medicina.

Segundo um documentário recente, citado pelo RT, a maioria das operações realizadas pelo cirurgião, que ficou conhecido pelos seus transplantes experimentais de traqueia com células estaminais, resultaram na morte de quase todos os seus pacientes.

De acordo com a televisão pública sueca, as operações não foram precedidas de testes em animais nem foram realizados quaisquer estudos detalhados do estado de saúde das pessoas operadas.

Segundo o The New York Times, dois dos três pacientes operados em Estocolmo acabaram por falecer e um terceiro acabou por estar hospitalizado durante mais de três anos.

O cirurgião também levantou algumas dúvidas pelo seu trabalho mais recente em Krasnodar, na Rússia, especificamente depois de uma paciente ter morrido pouco depois de ser operada.

De acordo com o mesmo jornal, o instituto sueco já decidiu despedir o cirurgião e encerrar o seu laboratório. Apesar desta decisão, o caso já chegou ao seio do prémio Nobel, especialmente a um dos vencedores, Arvid Carlsson.

O vencedor, que ganhou o prémio em 2010, exige a demissão dos dirigentes do Karolinska, para assim salvaguardar a reputação do Nobel.

“Este é um escândalo sem precedentes. É o pior que já aconteceu na história do prémio da Medicina. Aliás, creio que em toda a história do prémio Nobel”, afirmou em entrevista ao SVT.

O farmacologista sueco acredita que para manter a reputação deste prémio é necessário fazer algumas mudanças.

“Considero que devíamos fazer algo radical e começar a partir de cima. Toda a junta diretiva do Instituto Karolinska devia renunciar aos seus cargos. O reitor também deveria renunciar, assim como todos os que contribuíram no trabalho [do cirurgião]”, defende.

“É necessário assegurar que não vão ocupar mais cargos de responsabilidade nem o direito de voto na Assembleia do Instituto Karolinska. O prémio Nobel perde seriamente a sua reputação, por isso é necessário reduzir ao máximo todos os efeitos negativos”, justifica.

O secretário-geral da Assembleia do Nobel e do Comité de Fisiologia e de Medicina do Instituto Karolinska, o professor Urban Lendahl, já apresentou a sua demissão.

“O professor Lendahl considera que poderá vir a ser envolvido na investigação deste caso e, por isso, resignou à sua posição por respeito à integridade do Prémio Nobel”, pode ler-se numa nota emitida por essa mesma Assembleia.

ZAP / RT

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