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Cientistas criaram velcro biomédico para reparar corações

Caz Zyvatkauskas / news.engineering.utoronto.ca

A engenheira biomédica Milica Radisic

Uma equipa de engenheiros biomédicos conseguiu desenvolver uma estrutura especial que permite juntar tecidos do coração de forma tão fácil como quando se usa velcro.

A investigação levada a cabo na Universidade de Toronto, no Canadá, levou à criação de uma espécie de armação biocompatível que permite que lâminas de células do coração se encaixem como se estivéssemos a unir pedaços de velcro.

O mecanismo criado pela equipa liderada pela engenheira biomédica Milica Radisic foi baptizado como Biowire e permite que as células cardíacas cresçam em torno de uma sutura de seda, num processo que imita aquilo que acontece de facto no nosso organismo.

“Se se pensar numa fibra individual como uma estrutura 1D, então o próximo passo é criar uma estrutura 2D e depois montar essas duas numa estrutura 3D”, explica um dos co-autores do estudo, Boyang Zhang, citado pelo blogue da Faculdade de Ciências Aplicadas e de Engenharia da Universidade de Toronto.

Os cientistas envolvidos na investigação usaram um polímero especial denominado POMaC, um material biodegradável que é absorvido pelo próprio corpo em apenas alguns meses, para criar uma malha a duas dimensões onde as células se desenvolveram.

Visualmente, parece uma espécie de favo de mel, mas com buracos que não são simétricos e que permitem às células alinharem-se unidas. O estímulo com correntes eléctricas provoca a contracção das células musculares cardíacas e leva o polímero flexível a dobrar-se.

DR Radisic Lab

As três camadas da armação biomédica criada pela equipa de Milica Radisic da Universidade de Toronto.

O conceito do Biowire vai ao encontro da ideia que está na base do velcro e tem como “uma das principais vantagens o uso fácil“, nota Milica Radisic.

“Podemos construir grandes estruturas de tecido imediatamente antes de serem precisas e desmontá-las da mesma forma fácil. Não conheço outra técnica que permita esta capacidade”, acrescenta a engenheira biomédica.

O próximo passo dos investigadores é testar como é que o sistema funciona num coração real. A equipa de Milica Radisic já está a trabalhar nesse sentido com investigadores médicos.

ZAP

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