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Cientistas conseguem algo parecido com telepatia

Giulio Ruffini et al / PLOS One

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Pela primeira vez, cientistas conseguiram transmitir mentalmente uma mensagem,  sem qualquer contacto, entre duas pessoas que estavam separadas por milhares de quilómetros, na Índia e França.

“É uma espécie de realização tecnológica do sonho da telepatia, mas definitivamente não tem nada de mágico”, diz em declarações telefónicas à AFP a partir de Barcelona o físico teórico Giulio Ruffini, co-autor da investigação, que foi publicada na revista PLOS One.

“Estamos a usar tecnologia para interagir electromagneticamente com o cérebro”, especificou.

Para a experiência, uma pessoa com um eletroencefalograma (EEG) ligado à internet, sem fios, pensou numa simples saudação, como “olá” ou “adeus”.

Um computador traduziu as palavras num código binário digital, apresentado por séries de uns e zeros.

Depois, a mensagem foi enviada por email da Índia para França e entregue via robot ao destinatário, que pode ver “flashes” de luz na sua visão periférica através de estimulação cerebral não-invasiva.

Giulio Ruffini et al / PLOS One

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O sujeito receptor da mensagem não viu nem ouviu as palavras em causa, mas foi capaz de descrever os “flashes” de luz que correspondiam à mensagem.

“Quisemos descobrir se se consegue comunicar directamente entre duas pessoas, lendo a actividade cerebral de uma pessoa e injectando essa actividade cerebral numa segunda pessoa, e isto através de grandes distâncias físicas, utilizando vias de comunicação existentes”, diz o co-autor Álvaro Pascual-Leone, professor de Neurologia na Escola de Medicina de Harvard.

“Uma destas vias é, claro, a internet, pelo que a nossa questão passou a ser Será que conseguiremos realizar uma experiência que dispense a parte da conversação ou a digitação da internet e estabeleça uma comunicação direta, cérebro a cérebro, entre sujeitos localizados em países]tão distantes um do outro, como a Índia e a França?“, diz Pascual-Leone.

Ruffini acrescentou que foram tomados cuidados extraordinários para garantir que nenhuma informação sensorial influenciasse a interpretação da mensagem.

Os investigadores têm tentado enviar uma mensagem de uma pessoa para outra desta forma há cerca de uma década, e “esta prova de conceito ainda é rudimentar”, diz Ruffino. à AFP.

“Mas esperamos que a longo prazo isto possa transformar radicalmente a forma como comunicamos uns com os outros”, concluiu o físico.

/Lusa

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