//

Cidades em risco de ficar sem luz solar

Morio / Wikimedia

Panorama urbano de Shinjuku, em Tóquio, com o Monte Fuji ao fundo.

Panorama urbano de Shinjuku, em Tóquio, com o Monte Fuji ao fundo.

Quanto estaria disposto a pagar por mais luz natural na sua casa? À medida que as cidades vão crescendo em altura, a luz torna-se um bem cada vez mais precioso, e em vias de extinção.

De acordo com o Salon, recentemente a cidade de Rjukan, nas montanhas norueguesas, gastou cerca de 580 mil euros para instalar um espelho gigante para, nos meses de Inverno, reflectir luz solar na praça central.

No Cairo, investigadores desenvolverem uma folha de plástico enrugado que aumenta para o dobro a quantidade de luz natural que entra nas vielas da cidade.

Não é, de todo, segredo a importância da luz solar para a arquitectura. Porém, esta pode desaparecer, num instante, de um quintal, de uma janela do apartamento ou um parque infantil, sem nenhum aviso prévio nem consequência.

Devido às novas concepções arquitectónicas, a altura dos edifícios aumenta de dia para dia, impedindo que a luz natural chegue a todos.

Há mais de dois milénios que este assunto é debatido. Os gregos incorporam o sol no seu planeamento das cidades; o imperador romano Justiniano assegurou que edifício algum podia obstruir a luz anteriormente utilizada para aquecimento, iluminação ou marcação das horas.

O mesmo aconteceu em Inglaterra, corria o ano de 1832. O Parlamento aprovou uma lei – “Luzes Antigas” – que impedia que novas construções obstruíssem a passagem de luz.

Trata-se de uma lei que, ainda hoje, os proprietários britânicos podem evocar. No Japão, onde os arranha-céus são cada vez mais frequentes, existe uma lei semelhante – “nissho-ken” – e frequentemente evocada – o número de processos aumentou de seis, em 1968, para 83, em 1972.

Neste país, mais de 300 cidades adoptaram aquilo que chamaram de “códigos nos horários de luz solar”, especificando multas a quem causar sombra.

Muitos casos surgem também nos Estados Unidos – Califórnia, Nova Iorque e São Francisco, por exemplo – e, mais recentemente, na Europa, onde o design urbano tem cada vez menos em conta a preservação da luz solar.

E quando a sombra for maior que a luz natural, quanto estarão as pessoas dispostas a pagar para alterar a situação?

CG/ZAP

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.