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Ciberterrorismo aproveita-se da “gadget generation” para crescer

O ciberterrorismo é uma atividade em “contínuo crescimento”, ameaça para a qual não existem, de momento, recursos suficientes de combate, concluíram os especialistas do assunto na X Conferência Internacional sobre Ciberterrorismo, em Baden, na Áustria.

“Não se dispõe de suficiente informação nem se conta com preparação suficiente para lutar contra o ciberterrorismo, que constitui uma ameaça para todos nós, principalmente porque é uma atividade em contínuo crescimento”, manifestou o politólogo italiano Niccoló Locatelli.

Os peritos indicaram a necessidade das sociedades, dos governos e dos organismos de segurança ativarem novos e mais eficazes mecanismos para combater a ameaça ciberterrorista, que normalmente se resume numa ação de terrorismo convencional, em que a rampa de lançamento é a própria rede.

O ciberterrorismo baseia-se num princípio de atuação muito simples, em que se aproveita o facto de hoje em dia toda a gente se liga à Internet, fazendo da rede uma prolongação da sua vida social e laboral, principalmente nas camadas da sociedade mais permeáveis às novas tecnologias – em geral, os mais jovens -, conhecida como ‘gadget people’.

Segundo o jornalista russo Vladimir Taller, a ‘gadget people’ ou geração ‘clip’ percebe a informação gerada na Internet como algo natural.

De tal maneira que muitas vezes não se dá conta do efeito negativo, quase “radioativo”, que a Internet tem estiver descontrolada ou desvirtuada, afirmou.

Taller acrescentou ser nesse contexto que o ciberterrorismo se move livremente, referindo-se à difusão de simples propaganda e à comunicação ou transmissão de elementos mais concretos, como por exemplo um manual para a elaboração de explosivos ou um ‘chat’ para o intercâmbio de ideias, funcionando como uma espécie de escola virtual de recrutamento.

Neste sentido, o finlandês Jarkko Jokkinen, assessor do departamento antiterrorista da Organização de Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), defendeu a promoção de uma atuação “ampla” na questão da cibersegurança.

Jokkinen acrescentou que os terroristas – que, na chamada era digital, se podem classificar de ciberterroristas -, recorrem à rede para uma grande variedade de assuntos, que vão desde a difusão de propaganda para a captação e recrutamento de adeptos até ao financiamento das suas atividades.

A resposta, defendeu, passa por se atuar de uma maneira global, encerrando esses canais.

O Ciberterrorismo é transnacional

O ciberterrorista parte do suposto que o acesso à Internet é fácil, que o fluxo de informação na rede é pouco regulado – existindo apenas mecanismos de controlo – e, consequentemente, sabe que potencialmente conta com uma grande audiência em todo o mundo, com a qual pode comunicar de maneira virtual mantendo o anonimato, explicou Jokkinen.

Jokkinen chamou ainda à atenção para o facto de que em 1998, menos de metade das 30 organizações consideradas terroristas pelo Departamento de Estado norte-americano, dispunham de um suporte de propaganda na rede, enquanto atualmente todas têm, inclusive as mais pequenas.

O perito da OSCE acrescentou que basta recorrer a alguém com bons conhecimentos informáticos para materializar uma sucessão de ideias e mensagens.

“É prioritário que as agências nacionais de segurança investiguem o cibercrime e é fundamental que partilhem essa informação entre elas, visto que o cibercrime, assim como a própria Internet, é transnacional“, sublinhou Jokkinen.

Segundo os especialistas, é necessário reforçar conceitos como segurança cibernética, que sem menosprezar a liberdade de expressão e de informação inerentes a qualquer sociedade democrática, levem a uma situação de ‘ciberpeace’, entendida como o cenário oposto ao de guerra cibernética.

/Lusa

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