Cavaco diz estar “mais aliviado” com a privatização da TAP

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António Cotrim / Lusa

O Presidente da República de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, conversa com empresários e jornalistas durante a viagem entre Lisboa e Oslo na Noruega, 03 de maio de 2015.

O Presidente da República de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, conversa com empresários e jornalistas durante a viagem entre Lisboa e Oslo na Noruega, 03 de maio de 2015.

Este domingo, o Presidente da República disse estar agora “mais aliviado” relativamente à privatização da TAP, considerando que tudo aponta para que a transportadora aérea possa permanecer autónoma, com uma base de operações em Portugal.

“A maioria do capital é português, temos de aplaudir”, disse em conversa informal com os jornalistas a bordo do avião que o transportou para a capital da Bulgária, Sófia.

As declarações surgiram no contexto das suas afirmações no final de abril, quando disse recear que acontecesse o mesmo à TAP que a outras companhias europeias, como a Alitalia.

O líder parlamentar do PS, Ferro Rodrigues, já questionou se a afirmação do Presidente da República de que sente alívio pelo processo de privatização da TAP não se baseará em informações desconhecidas pelo Parlamento e partidos da oposição.

“O alívio do Presidente da República sobre o processo de privatização da TAP assentará em informações que não foram partilhadas com a Assembleia da República nem com os partidos?”, pergunta Ferro Rodrigues, numa nota enviada à agência Lusa.

Perante estas posições do chefe de Estado, o líder da bancada socialista refere-se também a outras declarações controversas proferidas por Cavaco Silva no ano passado, durante uma visita de Estado à Coreia do Sul, a propósito do caso Banco Espírito Santo (BES).

“Serão agora [essas informações de Cavaco Silva] mais fiáveis do que as que há um ano o levaram a dizer que o BES estava sólido?”, questionou ainda o presidente do Grupo Parlamentar do PS.

Também o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, considerou “chocante” a declaração do Presidente da República sobre a TAP e disse que “aliviados ficarão os portugueses” quando Cavaco Silva terminar o seu mandato.

“É chocante ouvir um Presidente da República falar assim de uma empresa estratégica, uma empresa que se liga à comunidade lusófona, uma empresa que é simplesmente a maior exportadora nacional”, disse Jerónimo de Sousa, na Ribeira Grande, nos Açores.

“Ouvir um Presidente da República ficar, dizia ele, aliviado, creio… Bem podíamos dizer: aliviados ficarão os portugueses quando terminar o seu mandato”, disse o líder do Partido Comunista Português (PCP).

Jerónimo de Sousa disse ainda que não está em causa a percentagem de capital privatizado ou que parte deste é português ou estrangeiro, lembrando outros processos de privatização de “empresas estratégicas”, como a EDP ou a Cimpor.

“Várias empresas estratégicas começaram por um pouco [de capital privatizado] e depois foram totalmente privatizadas. Portanto, o problema não está na percentagem, está na privatização. E é nesse sentido que consideramos que pagaríamos muito caro no plano da nossa economia se perdêssemos essa alavanca fundamental do nosso desenvolvimento”, acrescentou.

Jerónimo de Sousa lamentou que o Governo tenha argumentado que a companhia aérea “não podia ser reestruturada por falta de verba”, quando nos últimos anos houve “milhares de milhões de euros” para a banca, “por causa das suas manigâncias”, de “toda a especulação” e dos “crimes que foram cometidos” neste setor.

“Arranjaram-se sempre milhares de milhões. Para a TAP, não existe verba para uma reestruturação, para o seu desenvolvimento, como uma garantia de afirmação da nossa própria soberania”, vincou, dizendo que o PCP vai “continuar a persistir para que esse processo seja sustido e a TAP continue portuguesa”.

ZAP / Lusa

9 Comments

  1. Já vai ter dinheiro que chegue para o bilhete. Vai ser uma Easy Tap…
    Estou com o Jerónimo (neste caso): Aliviado estarei quando acabar o mandato. Mas acrecento: Muito preocupado com o sucessor. Da forma como este senhor descredibilizou o maior cargo da nação, tenho receio que o próximo queira fazer ainda “melhor”…

  2. Somos todos “especialistas”… Os outros ou serão “burros” ou perderam o direito que nós temos de livremente emitir opinião.

  3. Será que também pensam assim os ex-empregados da Transporta (Grupo Barraqueiro/Humberto Pedrosa) que foram para o desemprego?

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