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Cameron ameaça deportar mulheres muçulmanas que não saibam inglês

UK DFID / Wikimedia

O primeiro-ministro britânico, David Cameron

O primeiro-ministro britânico, David Cameron

David Cameron anunciou esta segunda-feira um plano de ensino de inglês para mulheres muçulmanas residentes no Reino Unido, mas deixou um aviso: as mulheres que não passem um teste dois anos e meio depois de terem chegado ao país podem ser deportadas e afastadas dos filhos.

Com este plano e um fundo de 20 milhões de libras – cerca de 26 milhões de euros -, o primeiro-ministro britânico quer facilitar a integração na sociedade e combater o extremismo e as situações de discriminação e isolamento social que afetam cerca de 190 mil muçulmanas que quase não falam inglês.

Num artigo publicado no jornal The Times, David Cameron destacou a necessidade de contrariar uma minoria de homens muçulmanos que exercem “um controlo prejudicial” sobre as mulheres nos agregados familiares.

“Frequentemente, resultante daquilo a que eu chamaria de tolerância passiva, muitas pessoas apoiam a ideia de um desenvolvimento separado”, afirmou a propósito da falta de integração.

“Chegou a altura de mudar a nossa perspetiva. Nunca conseguiremos construir uma verdadeira nação se não formos mais positivos sobre os nossos valores liberais, mais claros sobre as expectativas que damos aqueles que aqui vivem e constroem em conjunto o nosso país”, salientou.

“Há pessoas que podem mudar-se para cá com um nível muito básico de inglês e não há exigência para que melhorem com o tempo. Vamos mudar isso. Agora vamos dizer: se não melhorar a fluência, isso pode afetar a capacidade de ficar no Reino Unido”, acrescentou o primeiro-ministro britânico.

Segundo David Cameron, o novo plano prevê que sejam realizados novos testes após dois anos e meio de residência no país, de forma a verificar os progressos na utilização do idioma.

Questionado numa entrevista à BBC se uma mulher que tenha chegado ao Reino Unido ao abrigo do programa de reagrupamento familiar e tenha entretanto tido filhos – as crianças nascidas no Reino Unido têm direito à cidadania britânica – pode ser deportada, o primeiro-ministro respondeu: “Não há garantia que possam ficar se não melhorarem a capacidade linguística. É duro, mas as pessoas que vêm para o nosso país também têm responsabilidades.”

Este plano faz parte das medidas governamentais para combater o extremismo devido ao aumento de jovens muçulmanos que viajam para a Síria para integrar as fileiras do grupo extremista Estado Islâmico (EI).

“Se uma pessoa não for capaz de falar inglês, se não for capaz de se integrar, essa pessoa poderá ter desafios de compreensão da sua identidade e, portanto, poderá estar mais suscetível a mensagens extremistas”, afirmou o primeiro-ministro britânico.

As estimativas apontam para cerca de 2,7 milhões de muçulmanos a viverem em Inglaterra, numa população total de cerca de 53 milhões de pessoas.

Os cônjuges que desejem viver no Reino Unido com os respetivos parceiros já são obrigados, segundo as atuais regras de imigração, a falar inglês.

As declarações de Cameron já foram criticadas por grupos muçulmanos e pelos partidos da oposição.

Mohammed Shafiq, diretor-executivo da Fundação Ramadhan, acusou David Cameron de promover “estereótipos vergonhosos”.

Já Andy Burnham, o porta-voz do Partido Trabalhista britânico para a área da administração interna, declarou que o primeiro-ministro britânico está a aplicar uma “abordagem simplista e desastrada” que “injustamente estigmatiza toda uma comunidade”.

ZAP

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