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Britânico que iniciou petição para repetir referendo julgava que o Brexit ia perder

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A petição para a realização de um novo referendo no Reino Unido já recolheu, num tempo recorde, mais de 4 milhões de assinaturas de britânicos insatisfeitos com a vitória do Brexit. Mas curiosamente, foi lançada por um defensor da saída da União Europeia, que julgava que o Brexit ia perder.

Quando há mais de um mês William Oliver Healey iniciou uma petição para que houvesse uma repetição do referendo sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia, no caso de haver uma vitória escassa, estava longe de imaginar o uso que a sua petição viria a ter.

Healey, um activista de extrema direita de 27 anos, membro do Democratas Ingleses, é defensor do Leave, e na altura em que iniciou a petição estava preocupado com a provável vitória do Remain, resultado apontado na altura por todas as sondagens como mais provável.

As sondagens previam há um mês uma vantagem de cerca de 52%-48% do Remain, resultado que, para o líder do UKIP, Nigel Farage, significava então que “o assunto não fica arrumado”.

Farage declarou então que uma vitória tão escassa o levaria a “lutar por um segundo referendo“.

“Se o Remain ganhar por dois terços, isso acaba a discussão”, disse Farage, citado pela BBC.

Perante a perspectiva da previsível vitória dos defensores da permanência na União Europeia por uma pequena diferença, Healey lançou uma petição para que fossem estabelecidas as circunstâncias em que deveria haver um segundo referendo.

Eis. em tradução livre, o texto da petição de William Oliver Healey:

Regras do Referendo da UE que Despoletam um segundo Referendo da UE
Nós os abaixo assinados demandamos que o Governo de Sua Majestade implemente uma regra segundo a qual, se o Remain ou o Leave tiverem menos do que 60% dos votos, numa votação com menos de 75% dos eleitores, deve haver um segundo referendo.

Acontece que, apesar de a poucas horas da votação as sondagens ainda apontarem a vitória do Remain, o Leave ganhou mesmo o referendo – com 51.9% dos votos contra 48.1%.

Votaram 71.8% dos eleitores, cerca de 30 milhões de britânicos.

E quando, na manhã de sexta-feira, uma aparentemente significativa parte desses milhões acordou amargurada com a perspectiva real de um Brexit, nem foi preciso uma nova petição para reclamar a repetição do referendo.

Este sábado, conta o Huffington Post, William Oliver Healey veio a público clarificar a sua posição sobre a petição, e esclarecer que “não era bem esta” a sua ideia.

Segundo Healey, a sua petição foi “pirateada” e usada para o efeito contrário ao que pretendia quando a lançou, pelo que se demarca completamente da iniciativa.

“O referendo foi conduzido de forma justa e democrática, cada voto foi contado de forma equitativa, e acredito que o resultado é representativo do sentimento dos britânicos“, diz agora Healey.

A reacção dos defensores do Remain nas redes sociais à surpreendente revelação de Healey não se fez esperar – na maior parte dos casos, agradecendo-lhe a iniciativa, com alguma ironia e humor.

Entretanto, a petição não para de ganhar assinaturas, a uma velocidade estonteante. À hora desta edição, conta com 4,026,253 assinaturas.

Mas ninguém sabe ainda se Nigel Farage se encontra entre os signatários.

AJB, ZAP

7 Comments

  1. O álcool faz destas coisas! Mas desejo mesmo que os britânicos saiam a valer sem matreirices como até aqui têm feito e que tenham sucesso para desmascarar o muito de mal que vai nesta UE.

  2. “tradução livre”? Bem livre, ZAP! Embora “demandamos” seja considerado português, não é usualmente utilizado, sendo o “exigimos” mas corrente. Mas aqui até quase passa. Mas… “seguando” não. Isto até poderia passar como uma gralha, mas já são tantas… E algumas delas ficam, mesmo com a correcção de alguns leitores (incluindo a minha pessoa). Não há ninguém aí que faça uma revisão antes de publicar?
    Quanto ao parvo da petição… Seja qual fosse a sua intenção, (ficar ou sair) nunca teria pernas para andar. É só perder tempo…

    • Caro RoyTheRodgers,
      “Demandamos” é a tradução que entendi usar para a expressão “we call upon”, e que mantenho, em absoluto. Ponderei usar “instamos”, mas era mais feio.
      Se a expressão a traduzir fosse “we demand”, teria provavelmente usado “exigimos” ou “requeremos”.
      Não compreendi a sua expressão “sendo o ‘exigimos’ mas corrente”. Poderia passar por uma gralha, mas nem parecia seu.
      “Seguando” é obviamente uma gralha. Está corrigido. Obrigado pelo seu reparo.
      Obrigado também pelo rigor com que nos corrige nos pequenos detalhes.
      Os detalhes importam.

      • É… Talvez demandamos até esteja correcto… Até porque é “we call upon” e não “we demand” como pensava… Aceito porque não tenho uma expressão que seja mais adequada (conclamamos soa tão mal como demandamos). Mas quanto á (minha) gralha… Bem… Aí é que a coisa fica preta… Especialmente quando diz “Poderia passar por uma gralha, mas nem parecia seu”. Eu não tenho a obrigação de evitar as gralhas, (não sou jornalista nem nada que se pareça) mas vocês? Quando sai um artigo vosso, ou de outra fonte, têm de verificar e rever! Não tem de ser o leitor a fazer a revisão! Ficavos muito mal. É bom que assumam os erros e os corrijam, mas esses não deveriam existir (ou deveriam ser minimizados). Façam o vosso trabalho!
        Nota: ZAP sei o que é (pelo menos acho eu…) mas AJB?
        PS: Obrigado por não censurarem “esta”…

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