Autoridades alemãs chegam a acordo com detentor do “tesouro nazista de Munique”

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muddyclay / Flickr

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As autoridades alemãs anunciaram esta segunda-feira ter chegado a um acordo com Cornelius Gurlitt, em cujo apartamento em Munique foram encontradas mais de 1.400 obras de arte possivelmente retiradas a judeus durante o regime nazi.

Mais de dois anos após a descoberta da coleção privada, que chocou a opinião pública, os governos federal e do estado da Baviera chegaram a acordo com o alemão de 81 anos, que herdou as obras de arte do pai, Hildebrand Gurlitt, um negociador de arte bem relacionado com o regime nazi que as terá adquirido nos anos 1930 e 1940.

O acordo possibilitará acelerar a investigação sobre os legítimos proprietários das obras de arte, concedendo o prazo de um ano para que se investigue a origem da vasta coleção de pintura, que inclui obras de Picasso, Matisse e Chagall, muitas das quais se pensa terem sido saqueadas a judeus durante o regime nazi.

“Os trabalhos cuja origem não seja possível determinar pela equipa de investigação, ao longo de um ano, serão devolvidos a Cornelius Gurlitt”, explicitam as duas partes, num comunicado conjunto.

Cornelius Gurlitt poderá indicar um perito para a equipa de investigação, para assegurar que os seus interesses estarão representados, e os custos da operação serão suportados pelo Estado alemão.

“O mundo inteiro estava à espera de ver como responderíamos a isto e este acordo é uma boa resposta”, afirmou o ministro da Justiça da Baviera, Winfried Bausback.

A ministra da Cultura do Governo federal alemão, Monika Gruetters, também se mostrou satisfeita com o acordo, por “estabelecer as bases para legítimas e justas” reivindicações de propriedade.

Caso Gurlitt e outros tesouros

As mais de duas centenas de pinturas, desenhos e esculturas, da autoria de Monet, Manet, Cezanne e Gauguin, descobertos numa outra casa de Gurlitt, em Salzburgo, Áustria, ficam fora deste acordo, por se ter concluído, após uma primeira inspeção, que não foram roubadas ou compradas abaixo do preço, por pressão sob os proprietários judeus pelos nazis.

O tesouro privado de Cornelius Gurlitt foi descoberto em fevereiro de 2012, mas só foi revelado em novembro de 2013, o que suscitou críticas às autoridades alemãs, que chegaram às obras de arte no âmbito de um processo por fraude fiscal.

O caso Gurlitt relançou o debate sobre a restituição de obras retiradas aos judeus durante o III Reich. A Alemanha assinou a Declaração de Washington, em dezembro de 1998, na qual 44 países se comprometeram a detetar e restituir as obras de artes que foram apropriadas pelo regime nazi.

Perto de 380 obras de arte foram confiscadas de museus alemães na década de 1930.

/Lusa

2 Comments

    • Caro GrammarGestapo (ou GrammatikGestapo, se preferir)
      Por estranho que nos soe, o termo “nazista” é um sinónimo de “nazi”.
      Assim o diz o Priberan:
      http://www.priberam.pt/dlpo/nazi
      Assim o diz também a Infopédia, dicionário online da Porto Editora, na sua versão sem acordo ortográfico:
      http://www.infopedia.pt/lingua-portuguesa-aao/nazista
      Normalmente, o ZAP escreve “nazi”. Quando uma notícia é escolhida para envio na newsletter diária, optamos pela forma “nazista” na newsletter e “nazi” no site, apenas porque nos soa melhor. Hoje, por lapso, ficou “nazista” em ambos os formatos. Não vemos necessidade de corrigir, porque não está errado, mas obrigado pelo seu reparo.

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