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Aquecimento global leva a neve das montanhas a derreter mais devagar

Uma equipa de investigadores descobriu que o aquecimento global vai fazer com que a neve das montanhas derreta mais cedo, mas também mais devagar.

Os cientistas do Centro Nacional de Investigação Atmosférica (NCAR) dos EUA consideram que as conclusões deste estudo publicado na revista Nature podem ter graves implicações para o abastecimento de água, a saúde do ecossistema e os riscos de cheias.

“Quando a neve começar a derreter mais cedo no ano, já não estará a derreter sob os ângulos solares do final da Primavera e início do Verão”, disse o principal autor do estudo, o investigador Keith Musselman.

Ou seja, “o Sol simplesmente não consegue fornecer energia suficiente nessa altura do ano para alimentar altas taxas de neve derretida”, destacou.

As conclusões podem explicar outras descobertas recentes, que sugerem que o caudal médio de cursos de água com origem em montanhas com neve diminui à medida que o clima aquece. Isto porque a taxa de neve derretida afeta diretamente o caudal dos cursos de água.

Quando a neve das montanhas derrete mais devagar, a água resultante permanece mais tempo no solo, dando mais possibilidade às plantas de absorver a humidade. E a água absorvida pelas plantas é água que não chega aos cursos de água, o que potencialmente reduz os caudais.

Musselman ficou interessado no ritmo de derretimento da neve quando estava a conduzir uma investigação na Sierra Nevada. O especialista notou que a neve menos funda e a uma altitude mais baixa derrete mais cedo e mais lentamente que a neve densa e a alta altitude.

A neve em elevações mais altas, mais frias, tinha a tendência para aguentar até ao início do Verão – quando o Sol estava mais alto no céu e os dias são mais longos – mas quando finalmente começava a derreter, derretia muito rapidamente.

O investigador confirmou a sua observação analisando uma década de dados de 979 estações de observação de neve nas montanhas dos EUA e do Canadá.

“Descobrimos um aumento na quantidade de água produzida a baixas taxas de neve derretida, mas observamos uma redução na quantidade de água produzida a altas taxas de neve derretida”, explicou.

Assim, disse o investigador, uma redução nas taxas altas de derretimento pode significar menos cheias na Primavera, ou seja menos riscos para as infraestruturas, mas mais estragos para os ecossistemas.

// Lusa

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