/

Agência americana desenvolve motor de busca para o lado negro da web

Uwe Kils / Wikimedia

Tal como num iceberg, a parte visível é uma pequena porção da Internet. A dark web, o "lado negro da web", é 400 a 550 vezes maior do que a web conhecida.

Tal como num iceberg, a parte visível é uma pequena porção da Internet. A dark web, o “lado negro da web”, é 400 a 550 vezes maior do que a web conhecida.

A DARPA, agência militar americana que esteve ligada ao desenvolvimento das infra-estruturas embrionárias da internet, está a desenvolver o Memex, um motor de busca diferente dos já conhecidos devido ao tipo de informações que permite encontrar: as pesquisas vão ser realizadas na dark web, a parte da internet que não está visível a todos, e onde grande parte dos negócios criminosos são realizados.

O Memex é um motor de busca que poderá ser comparado ao Google ou ao Bing, exceto na fonte das suas informações. O projeto está a ser desenvolvido pela DARPA, a agência de projetos de investigação avançada e defesa dos EUA, e pretende ser uma ferramenta para as forças de segurança na medida em que vai permitir a pesquisa de conteúdos naquele que é considerado o lado negro da internet, a dark web.

Já é habitual que a DARPA surpreenda pela inovação, uma vez que a primeira experiência mais a sério de algo semelhante àquilo a que hoje chamamos Internet, a ARPANET, surgiu  precisamente no seio desta agência.

A ARPANET foi desenvolvida na altura da Guerra Fria para responder às necessidades de comunicação do país, e a mesma linha orientadora tem sido mantida.

O Memex é a evolução natural deste tipo de preocupação com a melhoria do quadro nacional e internacional através do aproveitamento das novas tecnologias, e está a ser desenvolvido por 17 equipas, há já um ano, para explorar os conteúdos que são ignorados pelos motores de busca mais comerciais.

Esta semana, Chris White, responsável de programação da DARPA, esteve no programa 60 Minutes para falar sobre o assunto e desvendou também à revista Scientific American as ferramentas que este projeto inclui.

As potencialidades do Memex passam pela descoberta de padrões potencialmente perigosos através da análise de dados escondidos na internet e pela revelação daquilo que não pode ser visto, com explicou Dan Kaufman, diretor do departamento de informação e inovação da DARPA, no programa de televisão.

Na mesma entrevista, Chris White afirmou que “segundo algumas estimativas, o Google, Microsoft Bing e Yahoo apenas dão acesso a cerca de 5% dos conteúdos na Web”.

Isto acontece porque esses motores de busca, considerados mais comerciais, baseiam os seus resultados em rankings de popularidade, deixando de parte os dados que não preenchem esses requisitos como é o caso de dados desestruturados, conteúdos que não estejam conectados ou páginas temporárias. Sabe-se que esta dark web é muito maior do que o inicialmente pensado: 400 a 550 vezes maior do que a web “normal”.

Numa primeira fase, o Memex foi utilizado para detetar a circulação de organizações de tráfico humano mas, nos próximos testes, que deverão começar dentro de semanas, a DARPA deverá focar-se também em atividades de contraterrorismo, pessoas desaparecidas ou na resposta a desastres.

Este “Google em esteróides”, como foi apelidado por Cyrus Vance Jr, procurador de Manhattan, deverá respeitar a privacidade dos utilizadores tal como qualquer outro motor de busca, e conteúdos que estejam protegidos por palavras passe não podem ser acedidos.

B!T

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.