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A privacidade já morreu. Bem-vindos a este mundo

World Economic Forum / Flickr

Yochai Benkler, Margo Seltzer, Sophia Roosth, Jonathan Zittrain, Joseph S. Nye Jr, professores da Universidade de Harvard no painel "Nova Ciber-Ordem Mundial", Davos 2015

Yochai Benkler, Margo Seltzer, Sophia Roosth, Jonathan Zittrain, Joseph S. Nye Jr, professores da Universidade de Harvard no painel “Nova Ciber-Ordem Mundial”, Davos 2015

Um conjunto de professores da Universidade norte-americana de Harvard apresentou aos participantes no Fórum Económico Mundial, que decorre em Davos, uma ‘contra utopia’, na qual a vida privada morreu definitivamente.

Imagine-se um mundo onde robots do tamanho de mosquitos voam à volta das pessoas e lhes retiram amostras do ADN ou uma grande superfície comercial que conhece todos os hábitos de compras dos clientes, sabendo até de gravidezes antes de as clientes as comunicarem à própria família.

Bem-vindos a este mundo. Já chegámos“, disse a professora de ciência informática de Harvard Margo Seltzer, ao descrever esta assustadora ‘contra utopia’.

“A esfera privada, como nós a conhecemos, já não pode existir. A maneira como concebemos a vida privada acabou”, insistiu.

Outra investigadora de Harvard, a geneticista Sophia Roosth, considerou “inevitável” que a informação genética pessoal entre aos poucos no domínio público.

Roosth avançou mesmo que agentes dos serviços de informações já têm a tarefa de recolher dados genéticos dos líderes estrangeiros para saber se são suscetíveis de contrair esta ou aquela doença, ou qual a sua esperança de vida.

“Estamos no início de uma era de Maccarthysmo genético“, afirmou, fazendo alusão à caça às bruxas nos EUA contra os comunistas, nos anos 50.

Seltzer descreveu um mundo em que pequenos ‘drones’ voam à volta das pessoas para lhes extraírem amostras de ADN, por conta de governos ou companhias de seguros.

As violações da privacidade, previu, vão ser feitas de forma “cada vez mais perniciosa”, entendendo porém que “já se vive num Estado de vigilância”.

Entretanto, apesar desta visão pessimista, as universitárias destacaram que os aspetos positivos eram mais importantes do que os negativos.

“Da mesma maneira que podemos enviar os ‘drones’ para espiar as pessoas, também os podemos mandar para as regiões afetadas pelo Ébola e suprimir os germes”, declarou Seltzer.

A tecnologia existe. O seu uso depende de nós“, concluiu.

/Lusa

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